Caros visitantes,

espero que vocês divirtam-se muito lendo minhas palavras. Peço, porém, por ser esse um trabalho independente, que não republiquem meus textos - inteiros, partes, frases, versos - sem minha expressa autorização. A pena para crime de plágio é dura, além de ser algo bastante humilhante para quem é processado. Tenho certeza que não terei problemas com relação a isso, mas é sempre bom lembrar!

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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Confissões de um Escritor (2)


       A noite hoje está fria. Meio fria, digamos. O nosso conceito de frio é bem diferente de uns lugares que eu andei visitando. Nós não temos muita noção do que é frio e eles sequer imaginam o que é calor. Enfim, está fria. Fiz, então, o meu ritual de noites frias (e até as não frias, também conhecidas como quentes). Coloquei a água para esquentar e fui escolher meu chá. Eu gosto de escrever bebericando alguma coisa leve, como diria Caio Fernando Abreu. 
    Chá é sempre uma opção, simples, rápido e fácil; isso quando eu não invento de fazer o chá da forma antiga, claro. Tenho então que pegar a erva e/ou mistura de ervas de um pacote de plástico e colocá-la em um objeto de metal ou alumínio que a faz a mesma função do saquinho dos outros chás, serve para evitar que a erva misture com a água. Evitaria, se funcionasse. Temos dois aqui em casa: um deles parece um ovinho e o outro é uma casinha muito bonita. O primeiro funciona, mas a casinha é um desastre. Eu coloquei chá nela outro dia e a erva escapou toda pelo telhado. Lindo, mas inútil. A chaleira chiou, a água ferveu, eu coloquei o açúcar e o saquinho e o chá está agora olhando para mim como quem diz, sensual: “E aí? Vai me beber?”. Juro. E tem dias que eu escrevo bebendo whisky. Eles são mais raros, mas acontecem. 
      Estou sentado olhando para a tela do computador enquanto digito e também olhando para a caixa de disquetes ao meu lado (sim! Disquetes!) que tenho que olhar um por um para saber se não estou perdendo algo importantíssimo para a humanidade. Eu ia jogar a caixinha fora direto, mas uma etiqueta me parou: “Usados”. Fiquei intrigado e agora vou olhar todos para saber seus dignos conteúdos. Mas não agora. 
Enquanto crio coragem, pensei em mais umas confissões que posso fazer. Há tempos que não me confesso, caros leitores, e vou fazê-lo aqui, como da outra vez. Sei que vocês se sentem mais leves ao lerem confissões e acabam também se confessando. Escolham os pecados mais interessantes, senão a minha caixa de comentários vai ficar completamente cheia. 

1. Palavras estranhas

   Eu sempre gostei de palavras, das mais variadas formas. Desde criança gostava de brincar de fazer versos. Fui colecionando minhas palavras favoritas ao longo da vida. Algumas são bonitas, mas muitas deles são estranhas e não tenho nenhuma explicação de porque gosto delas, só sei que gosto. Um exemplo disso é a palavra BLOCO. Sempre achei sonoro, potente e me achava um completo maluco de ficar pensando nisso. Gosto de palavras como força, garra, noite, que são palavras menos esdrúxulas, aliás, outra palavra que eu gosto. Gosto de arrefecimento. Palavras com B são minhas favoritas eu acho, vide Bloco, Bolo, Barro, masturBação. É, estranha palavra para se gostar, mas gosto. Das duas coisas. 

2. Medo de filmes de terror

    Não é medo exatamente. Eu sei que é um filme, eu sei que foi tudo ensaiado, eu sei que o sangue não é sangue e tudo isso, mas eu acho que eu me envolvo tanto na história (quando ela existe) que eu passo a fazer parte da coisa toda. Os sustos – mesmo os mais óbvios – quase sempre me pegam. Eu não tenho medo de filmes, eu sei que os monstros, caras malvadas, crianças endiabradas não vão sair da tela, mas fico tenso. Não só isso, fico tenso e continuo assistindo! 

3. Relação com a preguiça

    Minha relação com a preguiça é esquisitíssima. Eu não gosto muito de ficar parado e sou péssimo em relaxar. Acho que fico sempre pensando em alguma coisa, sonhando com outra, tentando fazer outra que relaxar é algo que eu não sei. Aquela coisa de não fazer nada, sabe? Simplesmente sentar e ouvir música ou ver televisão ou nem isso, ficar sentado olhando para o nada. Eu acho que estou perdendo tempo. Fico o ano inteiro pedindo por férias, reclamando que trabalho demais, que os alunos tem folga e eu não e bla bla bla. Aí entro de férias. Depois de quatro dias já quero minha rotina de novo. Eu gosto muito de dormir e de enrolar na cama, mas isso também me cansa. Eu acho que a rotina me incomoda, apesar dela ser necessário e o que é sempre igual é destruidor. Gosto de relaxar (tentar, ao menos), mas prefiro estar em atividade. 

4. Friends, David Bowie, Caetano...

     Adoro minhas paixões e pesquiso tudo o que posso sobre as coisas que eu gosto. Sei tudo sobre a vida do David Bowie, sei muito sobre o Caetano, sei frases e por vezes diálogos inteiros do Friends, canto todas as vozes do “The Phantom of the Opera”. Isso pode ser enlouquecedor para quem convive comigo. Tenho a sorte de ter gente a minha volta que gosta de saber detalhes ou que não se importa em me ouvir falar e falar, senão eu realmente estaria com problemas. 

5. Milhares de CDs e quero mais

    Tenho uma coleção gigante de CDs. É famosa, muita gente já pegou CDs meus emprestados, alguns inclusive não devolveram. Passei esses últimos dias organizando, passando de um lugar ao outro, conferindo caixinhas e se estavam todos em ordem alfabética e cronológica. No fim, depois de passar dias arrumando queria ouvir algo. Passei os olhos por todos os CDs e pensei: “não quero escutar nada disso”. Sou maluco. 

Confessem-se! 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Conversa na Frente de um Elevador

- Ah! Bem que eu achei que fosse encontrar você perto do elevador!
- Eu estou indo para casa.
- Você costumava descer as escadas...
- Sim e você costumava acreditar no Lula. As pessoas mudam.
- Eu não mudei tanto assim, ainda acredito em algumas coisas e acho que a Dilma tem feito grandes progressos.
- Se você considerar essa baderna como progresso, até pode ser.
- Não acredito que vamos falar de política como primeiro assunto de uma conversa nossa em meses.
- Você que trouxe o assunto à tona.
- Sim, é verdade, desculpe. Vim aqui para trazer os papéis e falar do Eduardo.
- O que tem o Eduardo?
- A babá me ligou e disse o que ele fez no colégio. Precisamos conversar.
- Acho que não. Já estou tomando conta disso.
- E não precisa da minha opinião?
- Sinceramente? Não.
- Não gosto quando você toma essas atitudes.
- Que atitudes?
- Simplesmente ignorar o que eu acho. Ele é meu filho também. Sabe, isso foi uma das coisas que nos afastou.
- Não, Carlos, o que nos afastou foi a sua secretária calhar de ser também sua amante e colocar fotos suas extremamente comprometedoras na internet.

(Tempo, sentam no banco colocado na frente do elevador. O ambiente é comum em empresas, um banco, algumas plantas, em geral não muito bonitas, mas bem verdes)

- Precisa apelar? Você não consegue ter uma conversa normal? Precisa partir sempre para a briga?
- Estou apenas relembrando os fatos.
- Nunca mais eu vou conseguir ter uma conversa com você que seja sem acusações e ironias?
- Não estou lhe acusando de nada, Carlos, você se colocou nessa situação sozinho.
- Bom, não importa. Nós já estamos acabados, mas o Eduardo está com problemas e é nisso que devemos nos focar agora.
- Claro. Muito mais fácil correr para os problemas dos outros do que olhar para a sua própria barriga, que, aliás, cada dia aumenta mais. Você está bebendo de novo?
- Desculpe, mas você não tem mais que me controlar.
- Sim, é verdade. Pode se afogar na bebida, isso talvez até faça bem para você. Ela te abandonou, foi?
- Não importa, isso é coisa minha.

(Tempo. A conversa fica cada vez mais alterada, os colegas olham de soslaio, sem saber bem o que fazer. Um deles levanta a cabeça da máquina copiadora e faz menção de ir ter com eles, mas depois de alguns segundos, pensa melhor e volta a seus afazeres)

- Eu vim falar contigo sobre o Eduardo, só isso. Não quero brigar, não quero discutir, quero só falar do nosso filho. Pode ser?
- Pode, Carlos, pode. Até porque não quero ficar parada na frente de um elevador discutindo a relação que a gente nem tem mais. Quem sempre gostou de fazer showzinho foi você.
- Eu... Bem, não importa. A professora me ligou e disse que o Edu está tendo problemas na escola e que ela se assustou com a carga violenta que ele está colocando nos desenhos. Parece que o último envolvia um anjo sendo cruxificado ou algo assim.
- É, eu sei. Fiquei arrepiada até a espinha. Não sabia que meu filho seria capaz de algo assim.
- Nosso filho.
- É, sim, isso.
- Eu pensei em ter uma conversar com ele e tentar descobrir o que está acontecendo.
- E você não sabe? O que você acha de um divórcio traumático, além de um escândalo na internet? Não acha que é muito para um menino na fase adolescente? A família dele foi por água abaixo, Carlos!
- A família dele já ia por água abaixo por algum tempo e você sabe bem disso.
- Agora a culpa é minha? Fui eu que fiz aquela vaca levantar a saia e fui eu que coloquei meu pinto nela?
- Não seja grosseira, Bia, estou tentando ter uma conversa de gente.
- Não sei se consigo ter uma conversa de gente com você, ainda estou muito brava. Talvez seja melhor você conversar mesmo com ele e ver o que você consegue fazer. O Lucas sugeriu terapia.
- Quem é Lucas?
- O irmã da Sônia, ele trabalha na Biblioteca perto da casa da minha mãe.
- Sim, aquele cara que nunca tirava os olhos de você e que não esperou muito até te chamar para sair.
- No que ele fez muito bem, fazia tempo que eu não era tão bem tratada. Ele é extremamente educado e gentil. Como poucos.
- Sim, sim... E o que mais o seu amantezinho sugeriu que fizessemos com nosso filho?

(Tempo. O chefe da sessão passa por eles, tenta reconhecê-los e não consegue. Não se importa muito, afinal, para eles, são todos números. Devem estar trabalhando muito, de tanto que gesticulam.  Ela volta a falar com Carlos, rangendo dentes)

- Mude o seu tom comigo, Carlos, nesse minuto. Eu não vou aceitar esse nível de provocação. Eu tenho uma reputação a zelar nessa empresa. Já estou arriscando muito, tentando discutir seja lá o que for com você.
- Eu achei mesmo que deveríamos conversar em algum outro lugar. Aqui não é apropriado, você não sabe se comportar em local de trabalho. Talvez você tenha esquecido, mas também tenho uma reputação a zelar e fui eu que te trouxe para esse lugar e foi por minha causa que você hoje tem alguma coisa sua. Se não fosse por mim, você ainda estaria naquela empresa nojenta de telemarketing que te fazia trabalhar por vinte horas seguidas.
- A minha vontade de estapear a sua cara é tão grande que eu quase não me reconheço. Queria que esse banco tivesse almofadas para eu usar para sufocar você, seu cretino!
- Vou passar na sua casa na quarta-feira para conversar com o Eduardo. Pode ser?

(Tempo)

- Pode. Perto das sete da noite, por favor.
- Ok, combinado. Estarei lá.
- Tchau.
- Tchau.


(Cada um sai para um lado. Tempo grande. Horas depois, na cama)

- Anjo cruxificado? Realmente você estava com a macaca hoje!
- Foi bom, não foi? Melhor do que irmão que trabalha na biblioteca!

(Tempo, riem juntos)

- Adoro essas nossas brigas falsas em lugares públicos. Estamos cada vez melhores! Hoje até criamos um filho!
- Você é demais, meu amor! Um grande ator!
- Você também é uma ótima atriz, rangendo os dentes e tudo.
- O mais engraçado é ver a cara das pessoas!
- É... Eles não entendem nosso conceito de flash-mob.
- É verdade, é verdade... Me beija.


Flash Mobs são aglomerações instantâneas de pessoas em um certo lugar para realizar determinada ação inusitada previamente combinada, dispersando-se tão rapidamente quanto se reuniram. (wiki)

Red Bird

                                                                                                                         para Tim Burton 

A bird is singing in a tree
And I think about death
The bird is looking straight at me
and taking its last breath

It sang for its whole life
And I think its cute
I cut its wings with a knife
Without being brute

A poem I write
To this dying bird in my garden
All the rest of it is white
And it is all a burden

Go, little bird, go
Find your dead zombie friends
I will leave fruits in a bow
And wait 'till it ends

The blood paints my garden in red
I laugh 'cause its funny
Your feathers are wide-spread
And made choke a bunny

I will wait for a wolf to come
From inside those woods
The white will succumb
to the hordes of hoods. 

Hakuna Matata (ou não?)

      Descobri que dirigir de madrugada, com os vidros fechados, sem música, só o silêncio gélido do carro e a escuridão é algo que eu gosto. É um período que estou comigo mesmo e os pensamentos todos rodando e rodando dentro da minha cabeça. Pensei em Timão e Pumba que me ensinaram o tal Hakuna Matata (se você não sabe do que estou falando, vá até uma locadora agora e alugue o Rei Leão ou baixe na internet, como achar melhor. Eu já não discuto mais sobre isso. Eles diziam que os problemas nós tínhamos que esquecer e dizer Hakuna Matata (algo como viver é aprender em língua de desenho animado da Disney) e era assim que eles viviam como viviam. Isso, na verdade, é fugir dos problemas. Bem que eu queria fazer isso, mas ao invés disso os problemas parece que se cravam em mim, não me deixando nem relaxar, parece que a cabeça opta por me fazer ficar incomodado. Um certo nível de incomodação é aceitável e até válido. Não posso fica largado jogado às traças (em todos os sentidos) e achar que isso está tudo bem, claro que não, mas essa pressão (principalmente minha sobre mim mesmo) também não serve. Estou buscando o limite. Até porque sei que os meus problemas só eu mesmo posso resolver. As pessoas virão com conselhos, cobranças, chá, carinho e até dinheiro, mas nada disso ajudará a resolvê-los. Podem até retardar, podem até mascarar, mas resolver mesmo acho que só quando a nossa ficha cai e damos nossa cara à tapa. Dá medo, eu tenho muito medo, acho que o medo me paraliza, mas não posso deixar. Nessa luta diária entre a minha (ou as minhas, por que não?) paixão e a vida real, acabo sofrendo eu. Não quero mais isso, estou lutando para chegar no intento e o principal inimigo sou eu. Ganhar dinheiro resolve tudo? Não. Ajuda, mas não. O conflito verdadeiro é interno, posso usar de diversas artimanhas para tentar me convencer e/ou culpar alguém, mas enquanto fico me lamentando, nada acontece. E jamais acontecerá. Carlos Drummond foi atrás, Caio Fernando também. Lutaram e estão agora figurando no panteão de grandes escritores. Eu estarei lá também um dia. 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Pensamentos Noturnos

      Minha cabeça está girando há dias. Estou fazendo planos, planos e mais planos. Tenho diversos sentimentos e todos no mesmo dia. Sinto-me confiante, fracassado, certo, incerto e por aí vai. Sabe aquela coisa de se jogar? Pois é, acho que agora achei meu ponto, meu objetivo. Foi difícil, fiquei andando cego por anos. Agradeço aos que me ajudaram a ver o que realmente quero. Fazer agendas e planos é fácil e bonito, sinto-me útil e importante. O grande problema é sair da inércia, da facilidade e enfrentar o medo de correr atrás de um sonho. O fácil é tão fácil que não dá vontade de mudar. Ainda assim, eu vou arriscar. Arrisco porque sei que tenho apoio. Arrisco porque ainda sou muito jovem. Arrisco porque quem não arrisca não petisca e eu quero muito petiscar.

      Doido isso, né? Correr atrás de sonho. Sempre sonhei com muitas coisas, casas grandes, fama, reconhecimentos, viagens nacionais e internacionais, sempre na dúvida se algum dia teria coragem de persegui-los. Agora sei que tenho. Não vai ser fácil, já não está sendo, mas não vai ser isso que vai me impedir de conseguir. Tenho ainda que traçar um caminho, talvez longo, até chegar no intento. Mas eu vou chegar e eu vou conseguir.

     Meu sonho é escrever.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Irritaciones - Parte 2

Bom, a verdade é que um gazilhão de meses atrás eu postei aqui um texto sobre coisas que me irritavam e disse que faria uma série de textos com esse propósito, mas com diferentes temáticas. Aparentemente, fazer uma série de textos foi outra coisa que me irritou, mas tudo bem... Estava aqui eu lendo minhas coisas antigas e percebi que deixei várias dessas séries para trás. Foram todas iniciadas na mesma época, eu acho que eu tive um acesso de trilogias, quadrilogias, cincologias, cocologias, sei lá. Enfim, sabendo de tudo isso resolvi (por hora) continuar uma das séries (a outra - de confissões – pode aparecer alguma hora, sei lá, vai saber).
Tinha dito que escreveria sempre quatro coisas. Três que me irritam (no caso desse texto o tema é trânsito) e algo que eu adoro. Mais ou menos baseado na idéia do Angeli e da tirinha da Rê Bordosa. “Rê Bordosa? Mesmo, Ricardo?” Sim. Mesmo. Eu quero e pronto.

1 – Pessoas que dão seta para um lado e viram para o outro.

Eu sei que algumas pessoas tem dificuldade com direita e esquerda. Compreendo isso, respeito e recomendo remédio, mas mesmo que você não saiba para que lado está teoricamente virando nada justifica dar a seta para um lado se você pretende virar para o outro. Tento entender o que se passa na cabeça das pessoas que fazem isso. E ainda não consigo entender. Se tiver alguém aí perito nesse assunto, por favor mande um email para ricamaciel@gmail.com

2 – Pessoas que param o carro ocupando duas vagas.

Uma pessoa dessa devia ter a entrada negada em todos os lugares que ela fosse porque com tantas vagas no mundo não tem nenhum motivo para ocupar duas. Se ela é rica o suficiente para andar com um tanque pela rua (e, convenhamos, hoje em dia existem carros que são maiores que casas) ela deveria pagar alguém para fazer o raio da baliza, oras. Ou então alugar um jatinho para ir ao supermercado. Quem sabe ela consegue parar em cima do prédio. Talvez do prédio do lado também. Ou mandar alguém fazer as compras. De bicicleta, de preferência.
Nesse mesmo tópico posso colocar as pessoas (de extrema falta de educação) que param em lugares reservados para idosos e deficientes físicos. Essas mesmas pessoas não tem coragem de parar em vaga de ônibus por exemplo. Tsc, tsc...

3 – Pessoas que desaceleram na estrada.

Além de ser irritante, é também extremamente perigoso, não acham? Imagine que estou eu lá, ouvindo minha música e prestando atenção no trânsito. Nele existe um fluxo que vamos pegando com tempo de direção e podemos prever vários dos movimentos feitos pelos motoristas ao redor. Quando é algo súbito como uma desacelerada, tudo fica mais complicado. Se é alguém menos cuidadoso (porque o autor desse blog dirige com rara destreza) um acidente pode acontecer e machucar muita gente. Isso me irrita muito.

4 – A sensação de liberdade ao dirigir.

Uma das coisas mais gostosas do mundo é pegar o carro, colocar uma música bacana e viajar. Não na maionese, o que pode causar um acidente também, mas viajar de verdade. Não importa o destino, não importa a companhia, ter a possibilidade de andar vários quilômetros com a rapidez de um carro é uma beleza. Já viajei sozinho, já viajei acompanhado, já dirigi, já fui de carona, é sempre uma diversão diferente. “Até com congestionamento?” Fica um pouco mais chato, mas ainda assim é legal!

Pronto, mais um texto da série “Irritaciones”. Vamos ver se logo eu faço mais um da outra série “Confissões”.

Hasta la vista!

Cut The World

  Eu adoro as sensações que certas canções me provocam; muitas de alegria, de querer dançar e cantar junto, outras de admiração pela letra e/ou melodia e outras pelo conjunto da obra. Algumas canções, porém, são como facas afiadas e me dilaceram. São de tão extraordinária beleza que funcionam como cortes fundos e eu preciso de uns minutos até voltar à superfície dos meus pensamentos e à vida real. Várias canções deixam marcas e mudam vidas. E é disso que vou falar aqui. 

Semana passada foi lançada o novo single da banda Antony and the Johnsons, do fantástico Antony Hegarty, que é, na minha opinião, um dos maiores gênios da música atual. Suas músicas são cheias de pianos e vocais, coisa que eu gosto muito. Sua voz é - como a de Nina Simone - uma mistura de masculino com feminino e me emociona sempre. Por isso até tenho uma relação doce e amarga com seus discos, pois nutro grande admiração por eles, mas não posso ouvi-los com freqüência. Ele é também amigo de grandes como Björk, Rufus Wainwright e Lou Reed.

Para o clipe da música "Cut the World", que também dá nome ao cd, ele convidou Willem Dafoe, um dos atores mais prolíficos de todos os tempos, do qual também sou fã e Carice Van Houten, a feiticeira ruiva de Game of Thrones. Clipe intenso e fora do comum, como toda a obra de Antony e sua trupe. A famosa artista performática Marina Abramovic faz também uma ponta. Rola na internet uma discussão grande sobre os símbolos contidos nesse vídeo - feminismo, queda do patriarcado, sociedade liderada por mulheres - são alguns dos temas propostos.

A letra diz: 

Por tempo demais eu obedeci àquele decreto feminino 
Eu sempre controlei aquele seu desejo de me ferir
Mas quando eu irei me virar e cortar o mundo?

Quando eu irei me virar e cortar o mundo?
Meus olhos são corais absorvendo os seus sonhos

Minha pele é uma superfície para ser levada a extremos
Meu coração é um arquivo de cenas perigosas

Mas quando eu irei me virar e ferir o mundo?

Quando eu irei me virar e cortar o mundo?
Quando eu irei me virar e cortar o mundo?
Quando eu irei me virar e cortar o mundo?

Assista ao clipe aqui e me conte suas interpretações!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Ouço Caetano na vitrola
Bato textos à máquina
Acho novela um saco
Falo de comunismo
Leio Jean Genet
Vejo Fassbinder
Quero aprender a amar

Leio Camões e gosto
Corro sem ter pra onde
Falo do que não sei
E o que sei invento
Minto tanto que nem sei mais
quando estou mentindo

Falo de mim em poemas
mas nem sempre
Gosto de meu nome
Sinto-me poeta e odeio minha poesia
Não sei mais escrever sem ser no computador

Mordo maçãs e pêras

E sinto falta de coisas que não vivi 

Se Se Se Se

Sentiu cheiro de mar
Banhou-se

Saiu da água
Secou-se

Olhou uma fruta no pé
Foi ver se era doce

Olhou menina ao longe
E pensou: "se bonita fosse"

Brincou com fogo
Queimou-se

Trombou com ferro
Ferrou-se

Morreu. 

Caetano, 70 anos.

Vários anos atrás, nos idos de 96 ou 97, um cd tocou muito em minha casa, seguido do vídeo com a apresentação. Ouvi o cd, ouvi o cd, ouvi o cd mil vezes. A fita VHS com a gravação ficou gasta de tanto que assisti. Foi gravada da HBO2, que na época passava tudo o que o canal HBO passava, mas seis horas depois. Foi nessa época que nasceu minha admiração, meu respeito, meu apreço e minha loucura pelo artista que aparecia no vídeo e cantava no rádio.

Esse artista era Caetano Veloso e o show era "Um Caballero de Fina Estampa". A música que mais me impressionou e ainda impressiona é "Haiti", que segue no fim desse texto.

Desde então Caetano tem sido uma fonte de inspiração constante em minha vida artística, seja ela escrevendo, cantando ou tocando violão. Ele é o nosso camaleão. Adoro que ele seja criticado por ser chato, me divirto com o que ele fala e rio dos que acham que ele está gagá. Caetano está sempre à frente de seu tempo.

Sou fã, muito fã, como muita gente sabe. Acho a música brasileira maravilhosa e a defendo com unhas e dentes. Acredito que cada um deva gostar do que quiser, sem desrespeitar o que o outro gosta.

Caetano fez ontem 70 anos. 70 anos de idéias, movimentos, criações e principalmente de música. Salve, salve Caetano! Que você ainda nos brinde muito com a sua genialidade!


O link para a canção "Haiti", de Caetano e Gilberto Gil, é esse - "Haiti"

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Rodei as chaves na fechadura mais uma vez
Entrei em sua casa como há tempos não fazia
Tudo parecia igual
Só eu que já não era mais o mesmo

A decoração cafona, um quadro torto
e aquela montanha de discos perto do sofá
Ursinhos empoeirados completavam a cena
e eu quase ria

Tinha ido buscar o que era meu
e temia te encontrar
nada mais em você era meu
eu não queria que nada mais em você fosse meu
mas era

Peguei meus livros
juntei meus retratos
minhas bitucas de cigarro ainda guardadas na nossa caixa
e coloquei na minha pasta

Rodei as chaves pela última vez
E fui embora daquele grande amor

Loucura

Olho para o lado e você lá está.
Vejo um filme bobo na televisão e te reconheço lá.
Ando na rua e você parece me chamar do outro lado
Olho-me no espelho e te vejo.

Isso não é normal

Será que nessa loucura de sermos nós mesmos
tornamo-nos um só?
Mas se somos um só então sabemos de todos os medos um do outro
e certezas também
E aí onde fica o gostoso da dúvida
e a certeza da incerteza?

Cada vez mais agora eu quero conquistar o mundo
e tenho medo de me ver em muita gente
mas ao mesmo tempo quero isso
e fico nessa querência de quero e não quero mesmo tempo

Que loucura! Que loucura!