Caros visitantes,

espero que vocês divirtam-se muito lendo minhas palavras. Peço, porém, por ser esse um trabalho independente, que não republiquem meus textos - inteiros, partes, frases, versos - sem minha expressa autorização. A pena para crime de plágio é dura, além de ser algo bastante humilhante para quem é processado. Tenho certeza que não terei problemas com relação a isso, mas é sempre bom lembrar!

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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Caixa da Vida

Um coração gelado e acabado por vez, por favor

Vamos organizar essa coisa aqui que isso aqui não é bagunça nenhuma, ouviram?
Sim, senhora, entendi que ele lhe deixou, mas o que eu posso fazer? Chamar?
Sim, meu filho, sim, ela foi embora com outro. Triste, eu sei, mas isso já aconteceu tanto!
Sim, menina, seu ídolo pop não está apaixonado por você. Claro que não, guria, aquele lá deve amar mais a ele mesmo do que a qualquer outra pessoa.

Vai, cachorro, vai, ali tem mais uma alma abandonada pra você enterrar.

Faca

Procurava idéias para um poema
E andava pelas ruas de Paris sentindo o vento no rosto
Buscava sensações que ainda não tinha sentido
E parou em uma esquina

Olhou de canto de olho
Respirou fundo
Aquietou-se
Não era para estar ali

Viu o homem encostar a faca na moça
E pedir a bolsa e mais outro algo em francês
E ficou olhando, não moveu um músculo sequer
E teve medo, medo que lhe percorreu a espinha como raio

O homem correu
  (com a bolsa, documentos, dinheiro, tudo)
- e ela nem era francesa -
Se deu bem

A moça lá desconcertada
E ele cá sem saber o que fazer
Falou com ela em francês, ela chorava
Falou com ela em inglês, ela desesperava-se mais ainda
Falou com ela em português e ela abriu um sorriso possível no meio daquele momento sombrio

Foram para a polícia
Descreveram o meliante (ou Meliès?)
Deram os nomes e foram embora
Eles já não podiam fazer nada e nada mais tinha sentido

Nem esse poema

C'est la vie!

Para os curiosos

À quem queria notícias de mim, digo que estou bem e vivo
Ou bem vivo, diria meu eu-poeta
que regozija-se em morar na cidade das luzes
Andar pela rua é beber história

À quem me queria mal, digo que estou bem e vivo
E que ainda precisam se esforçar mais para me ver acabado
Sou forte como São Jorge, até fui em seu castelo
E morri de medo de altura em suas torres

Fato que sinto saudades
Mas isso, na verdade, é inútil informação
(já que sinto saudades o tempo todo)
Digo saudades de um tempo em que tudo estava bemerabembeterraba

Nunca houve esse tempo e ele era fruto da minha imaginação louca de artista múltiplo
E o tempo que é hoje é o agora que já foi o ontem e que nunca será o amanhã que não virá
Esse virá, esse virá
As veias poéticas da América Latina estão abertas e encontrando-se com todo o peso europeu

E eu adoro, eu adoro

Piscada

Sentimentos bipolares, cheios de não e sim

Tomo chá com meus heterônimos, para descobrir que sou só eu e não tenho heterônimos nenhum.

O café me deixa acordado e eu vejo o nascer do sol no começo do dia que ainda não acabou.

O fim do começo é um novo começo. Mal, bom, não sei

Acho pulsante a vida, mas flerto com a morte. Deixar a vida e entrar pra história.

Não tenho coragem. Tenho muita vida pulsando dentro de mim.


Tenho vida suficiente para preencher outras vidas. Quatro ou cinquenta e cinco.

Escrevo, leio, atuo, canto. E busco novas vidas nessas palavras falsamente sentidas.

E quero o que? Quero o queijo do desejo do beijo do pirado maluco doidão de madrugada tocando sua gaita mal e porcamente.

E quero fazer poesia sexo viagens filhos e merda

Me deixa em paz melancolia de vidas que não vivi. Eu sou eu e pronto.

E morro de saudades de coisas e tempos que não vivi e nem poderia viver e não consigo viver no meu tempo sem me ver em um tempo que já não é meu.

E não tenho grana, não tenho estabilidade. Poderia ter, já tive chance, mas acho que gosto desse medo das coisas não darem certo

E não vão dar mesmo, já foram anunciadas, mas não ligo.

Tenho vida demais em mim.

vida demais em mim

demais em mim

em mim

mesmo.

FODENDO

Estúpida donzela que ainda acredita no amor perfeito

Deixe de ser estúpida e modernize-se!

Saiba que o amor não passa de um negócio a que assinamos contratos e reconhecemos firmas

O príncipe encantado tornou-se o cavalo que tornou-se príncipe

E as princesas também já não são as mesmas com seus ataques tpmísticos.

Passarinhos cantores? Maçãs envenenadas?

Acorde para a vida, sua idiota!

Temos carros, aviões, metrôs! Roubos, assaltos à banco, estupros.

Vais mesmo ficar esperando esse príncipe encantado que nunca te chega de tão encantado que está com a sua própria face?

Narciso faria sucesso nessa época de egocentrismo. Galileu seria novamente ignorado. Nem falar de Giordano Bruno.

Devia eu te estapear por acreditares nessa merda toda! Talvez até funcionasse séculos atrás, mas hoje? Mesmo?

"Tu es gentile, jolie..." No more, no more, baby!

Volta a dormir, Bela Adormecida, quem sabe você esquece de tudo isso.

A Branca de Neve está dormindo com os anões.

FO
              DEN   
                                 DO

Eu me calo, sei de tua raiva com minhas palavras, mas não me importo.

Queria eu ter um amor desse, mas não tenho.

Não tenho.

Paris, 23h15

Amo mesmo

Amo inteiro

Amo de novo

E amo sempre!

Não tenho medo de me cor
                                           tar

O que não suportaria é ter um coração gelado

Me importam os sofrimentos?

Claro, mas os recebo com lanças fortes,

pronto para lutas e batalhas!

A liberdade traz o amor
                                      que traz a liberdade
                                                                      que traz o amor
                                                                                               que traz a liberdade