Caros visitantes,

espero que vocês divirtam-se muito lendo minhas palavras. Peço, porém, por ser esse um trabalho independente, que não republiquem meus textos - inteiros, partes, frases, versos - sem minha expressa autorização. A pena para crime de plágio é dura, além de ser algo bastante humilhante para quem é processado. Tenho certeza que não terei problemas com relação a isso, mas é sempre bom lembrar!

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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Um portão que se abre

Dois apaixonados que se beijam

Sons de piano em meus ouvidos

E sorrio sorrisos

Como não se sentir bem diante do Amor?

"Você não pode encontrar a felicidade evitando viver, Leonard." (Virginia Woolf)

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Um Só Olhar - Versão 2

E quem era ele? E para onde ia?

Ela estava sozinha há algum tempo. Sua vida amorosa era um desastre. Os homens com quem havia saído não passavam de casos e romances momentâneos. Nos fins de semana, suas noites eram distraídas pelas doces histórias dos filmes que escolhia na locadora de forma muito cautelosa, tendo certeza de que o final seria feliz, perfeito.

Nunca lhe ocorreu escolher outro gênero de filme. Achava desperdício de tempo ver filmes de guerra, terror ou até mesmo suspense, que sempre a deixavam apreensiva.

Escolheu o filme. A capa tinha um lindo casal, ele era ideal e ela parecia uma boneca, linda.

O menino do caixa sempre fazia os mesmos comentários e ela concordava sorrindo e torcendo para ele se calar logo. Dia ou outro, achava-se no direito de aconselhá-la dizendo que não era saudável assistir esse tipo de filme. Ela, educada, agradecia sorrindo.

Já em direção a saída, com a cabeça baixa, viu-o entrar e quando entrou, olhou-a nos olhos com tanta firmeza que sentiu suas pernas bambearem. Não tinha certeza sobre o que se passava na cabeça dele. Tinha achado-a bonita? Feia? Teria notado alguma celulite? Ou, simplesmente, parecida com alguém conhecido? Mil perguntas pulavam seguidas em sua cabeça.

Saiu da locadora, sentiu-se como se todos tivessem notado sua reação diante daquele homem de olhar tão seguro. Sentiu-se boba, desarrumada e desmaquiada, mas foi desse jeito mesmo que decidiu voltar e perguntar ao menino-dos-conselhos quem era aquele sujeito, mas ele, infelizmente, não o conhecia. Aproveitou para observá-lo; se vestia bem e tinha um jeito diferente, era charmoso.

Saiu novamente, desta vez muito devagar, torcendo para cruzar com ele novamente, mas nada. Ficou alguns minutos pensando em como poderia falar com ele, mas nenhuma idéia lhe surgia. A vergonha, a timidez e o convencional machismo da sociedade, que diz que uma mulher não deve abordar um homem, impediam-na de encarar um “Oi! Tudo bem?” com naturalidade.

Aquele pouco tempo que ficou ali, sonhou! Imaginou-se casada com ele, a casa decorada e as crianças correndo no quintal. Poderia viver eternamente de amor, como nos filmes que assistia. Acordou com a buzina do carro dele, estava indo embora, acelerou e a deixou, apenas, com o sonho. Seguiu seu caminho.

Aléxia Galvão

Explicação

Essa vida de escritor tem sempre coisas boas a oferecer. Escrevi esse último texto "Um Só Olhar" e mostrei pra algumas pessoas, que gostaram. Porém uma delas gostou de um jeito diferente. Quis fazer uma paródia de meu texto, apresentando a visão da moça. Fiquei tão emocionado e me senti tão homenageado que resolvi postar o texto dela no blog, como forma de agradecimento a esse gesto tão bonito.

Agradeço a ti, minha querida Aléxia Galvão, por ter-me dado o prazer de ler suas palavras emaranhadas nas minhas!

Tenho certeza que vocês vão gostar!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Um Só Olhar

E quem era ela? E de onde vinha?

Ele andava sozinho há um tempo. Parecia que nada dava e nem daria certo em sua vida amorosa. Várias mulheres o haviam tentado, mas nada. Apenas alguns casinhos, beijinhos, romancinhozinhos, nada de cativante. Talvez essa falta de uma companhia interessante e de fato companheira fizesse com que ele somente visse filmes água-com-açúcar, romances bestas em que tudo dá certo no final. Sua irmã mais velha já tinha nomeado aquilo de filmes de ficção científica, já que, para ela, era apenas uma pilha de besteiras.

Mais de uma vez ele havia tentado tirar filmes de guerra, terror, ou mesmo suspense – algo de que ele sempre gostou, por estimular a mente – mas nada disso o atraía mais. Alguns ele até pensava em ver, mas seu cérebro mandava a mensagem de que eram muito difíceis ou até mesmo chatos.

Aquele dia havia resolvido tentar tirar algo diferente, como fez, mas o tal água com açúcar apareceu na terceira escolha, “pra relaxar a cabeça”.

Ele estava absorto em seus pensamentos, ouvindo a mulher do caixa dizer que o filme que ele havia escolhido era muito bom, pois tinha feito seu marido revê-la na cama e patavina furada. O que queria ele saber da vida íntima da tal atendente? Deu um sorriso educado e já se preparava para voltar ao carro, quando aconteceu.

Depois de conferir para que dia os filmes deveriam ser devolvidos e qual o valor total, ele levantou os olhos para o lado para ver duas moças que haviam acabado de chegar e conversavam sobre ele não sabia o que. Seus olhos encontraram os de uma delas.

Ele a olhou rapidamente, quase não viu nada, mas percebeu que ela usava uma blusa branca, com uma calça esverdeada e os cabelos, avermelhados desbotados, presos em um meio rabo de cavalo. Seus olhos foram provocadores e instigadores em milésimos de segundo. Ele estranhou e sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Seriam olhos de desejo? Geralmente era ele que tomava as iniciativas, marcava os encontros, ligava, mandava recados no Orkut, ou chamava na janelinha do MSN. Naquele caso, não. Ele a olhou com curiosidade e ela o olhou de volta. Várias vezes a resposta da garota era simplesmente olhar para baixo e ignorá-lo, como se ninguém estivesse fazendo nada. Mas não essa. Ela o olhou de cima a baixo, o que o fez pensar de que talvez o estivesse olhando desde a hora em que entrou na locadora.

Tudo aconteceu muito rápido e seus torpes, atormentados pensamentos acompanharam a rapidez. Foi sua vez de baixar os olhos, agradecer à moça do caixa pelo serviço e tomar o rumo do carro. Antes de sair, olhou de novo e os olhos lá permaneciam, fitando-o, mirando-o, invadindo-o. A sensação de ser olhado, talvez com desejo, era incomum. Ele não sabia o que se passava na cabeça dela! Tinha-o achado bonito? Parecido com alguém que conhecia? Feio? O homem mais feio da Terra? Qual tinha sido sua impressão? E essa dúvida o mortificava.

Saiu da locadora e só viu mulheres, todas pareciam estar olhando para ele. Todas. A que estava voltado para casa, carregando sacolas com compras, a que andava de bicicleta e que ele quase atropelou na ânsia de não saber o que fazer, a que corria à noite, para manter seu porte físico invejável. Todas. Os olhares o trespassavam. A garota da bicicleta estava acompanhada do namorado, amigo, ficante, primo, sabe-se lá, mas ele teve certeza de que ela o acompanhou pelo caminho.

Deu a volta no quarteirão, pensando em perguntar à moça do caixa quem era aquela que o havia despertado tantas emoções. Pensou em voltar à locadora e agarrar a moça nos braços e beijá-la com amor e fervor, como fazem em seus filmes de romance. Pensou em esperá-la dentro do carro e talvez segui-la para saber onde morava. Todas as opções pareciam boas e ruins. Pensou em escrever um livro sobre essa história, um Best-seller, vender milhões de cópias e ir morar em Surrey, Inglaterra. Com ela.

Passou novamente em frente à locadora e, por um milésimo de segundo, entre a loucura e a sanidade, pensou em parar e ir falar com ela. Da janela do carro, viu ao longe sua blusa branca. Ela ainda estava lá e a chance não podia ser perdida. Aquela mulher havia despertado mais emoções nele do que todas as últimas. Ela era Rembrandt, Monet, enquanto as outras eram figurinhas de álbum. Ela era Joni Mitchell, enquanto as outras eram Tati Quebra-Barraco. Ela era rock’n’roll, enquanto as outras eram pagode, e ele detestava pagode. Ela era bela, enquanto as outras eram feras.

Pensou em muitas coisas, mas desistiu. Ele a raptou e jogou-a em suas memórias. Baixou a cabeça. Acendeu os faróis. Seguiu seu caminho.