Caros visitantes,

espero que vocês divirtam-se muito lendo minhas palavras. Peço, porém, por ser esse um trabalho independente, que não republiquem meus textos - inteiros, partes, frases, versos - sem minha expressa autorização. A pena para crime de plágio é dura, além de ser algo bastante humilhante para quem é processado. Tenho certeza que não terei problemas com relação a isso, mas é sempre bom lembrar!

Protected by Copyscape Online Copyright Search

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Só Por Um Segundo

"Foi só por um segundo
Todo o tempo do mundo
E o mundo todo se perdeu
Eu vi quando você me viu
Seus olhos buscaram nos meus
O mesmo pecado febril"

(Cláudio Lins - "Cupido")

E eis que de tarde ela passou por mim. Eu estava brincando com a areia da praia aos meus pés e só notei duas pernas passando bem perto da minha cadeira. Levantei os olhos e vi uma moça que de longe era bonita. Não vi seu rosto, pois quando ela estava perto, eu estava entretido com meus dedos dos pés.
Eis que ela fez o caminho até a praia, vagarosa, modelo, tranqüila. Parecia estar em uma passarela da moda. Um pé graciosamente colocado em frente ao outro, certeiros. Ela sabia o que fazia.
Fiquei olhando, descaradamente. Chegou perto do mar, agachou-se, pegou uma concha, levantou, examinou-a, viu que não era tão bonita quanto gostaria, jogou-a de volta. Fez os mesmo movimentos repetidas vezes. Eu já estava encantado com aquela graça toda. Depois passou a andar de um lado para o outro, como em uma dança e eu tive a impressão de que a dança toda era para mim.
Estava olhando tão fixamente que me assustei quando ela olhou de volta. (Ou pelo menos eu achei que ela tinha olhado). Forcei os olhos para tentar ver seu rosto, mas foi difícil. Esperei que ela voltasse para onde tinha saído. Eis que ela não fez nenhum movimento, não abanou, não gritou, não se mexeu. Apenas ficou lá, deixando-se ser olhada. E eu amei aquele momento.
Imaginei que talvez tivesse sorrido, mas não tive certeza. Não sabia nem mesmo se eu estava sorrindo. Já não via mais nada.
Depois de um tempo, ela veio em minha direção. Reta, direta. Eu tremi na cadeira. Não fazia idéia do que eu ia falar ou fazer ou que atitude tomar. Deveria eu começar uma conversa? Ou esperar que ela falasse algo?
Veio tranqüila como tinha ido. Seguia-a com os olhos. O rosto era muito bonito, ainda mais bonito do que eu havia imaginado. Que maravilha seria se ela viesse falar-me, mas não veio. Ela passou por mim, abraçou o namorado, beijou-o, deram-se as mãos e foram embora.
E eu continuei ali, vendo a maré subir e o sol se pôr.