Caros visitantes,

espero que vocês divirtam-se muito lendo minhas palavras. Peço, porém, por ser esse um trabalho independente, que não republiquem meus textos - inteiros, partes, frases, versos - sem minha expressa autorização. A pena para crime de plágio é dura, além de ser algo bastante humilhante para quem é processado. Tenho certeza que não terei problemas com relação a isso, mas é sempre bom lembrar!

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domingo, 13 de abril de 2008

Sete Chaves

Talvez hoje eu não queira
Talvez hoje eu não queira mais

Eu e meu amigo andando pelo parque
Tantos caminhos a seguir que nem sei
e, debaixo de uma árvore, ele me disse
que a vida não é nada do que penso
Ele diz: “A vida é o que fazemos e sonhamos. Se sonhas, vivo estás”
E aquilo me abriu a janela.

Talvez hoje eu não queira te amar pra sempre
Talvez hoje eu não queira te velar o sono
Te esperar acordar com um sorriso no rosto
Talvez hoje eu não queira sorrir

E no parque havia um velho que tocava acordeom
Músicas tão antigas que me fizeram chorar de saudade
Dos tempos que nunca vivi
E as lágrimas me rolaram como pétalas de rosa em flor
E tocavam o solo, abrindo a terra e puxando minhas dores.
E meu amigo me olhava, olhava e nada dizia.

Talvez hoje eu não queira dizer se estás ou não linda
Talvez hoje eu não queira saber como vai sua mãe
Talvez hoje eu não queira saber

Fomos pra casa e, em meio a vinhos e discos e poemas de Wilde, a dúvida se fez:
“E se somos algo que de fato não somos? Como vivemos a isso?”
E meu amigo me disse, sorrindo e me olhando fundo com aqueles olhos de reflexo de lua,
“E quem sabe como somos? Você já sabe quem é?”
E eu pensei que de fato não sabia o fato de quem de fato sou.

Talvez hoje eu não queira passeios ao luar e fogueiras de madrugada
Talvez hoje eu não queira nadar nas águas do mar
Talvez hoje eu não queira nada disso

Já não sei mais o que quero
Eu sei de poucas coisas
Poucas
Tão poucas quanto as palavras que trocamos.

Quando o sol raiou, procurei meu amigo
Ele já não estava mais.
Já se tinha ido, sem me dar adeus
Fiquei pensando nele, em suas palavras e
em seus olhos cheios de lua
E o quis bem.
E sorri para ele, sem ele saber.

Ele me deixou um bilhete
Que guardo a sete chaves no fundo do baú.
Quando dele sinto saudades, leio o que ele escreveu.
Como faço hoje.

Talvez hoje eu não queira mais falar
Talvez hoje eu não queira ser pra sempre
Talvez hoje eu não queira
Talvez hoje eu queira um nunca mais.

7 comentários:

Bruna Zanardi disse...

Ahhh, quase chorei!
Se dúvidas um dos mais belos que já li aqui, se não for o mais!

Lindo, lindo, lindo.

Beijos, Nica.

Anônimo disse...

talvez, talvez.. quantas duvidas ehehe
mas ta lindo =) como sempre
bjoo ric

Sabina Spielrein disse...

De fato, as questões da vida não calam aos corações afoitos ávidos em tragar tudo e a todos... e mesmo uma janela aberta é capaz de trazer tantas incertezas... Talvez seja o início da maturidade/ Talvez ontem foi o tempo perdido, o hoje o momento certo, e o futuro já não se sabe.../ Talvez hoje queira dar voz ao seu eu mais profundo

Beijos
"Força Sempre"

Anônimo disse...

ela sei o que eu sou
ela asseia o que eu sou
e lasseia o que eu sou
ela: ceia - o que eu sou?
ela: seio - o que eu sou?
e lá sei o que eu sou?!

(Nelson Ascher)

Dri disse...

Ei, isso dá uma música, viu?!
Très belle!

Anônimo disse...

Talvez hj me faltam palavras para descrever as mil coisas sobre a vida que perambulou em minha cabeça durante a leitura do poema!

Lindo.

beijos Boy.

Frederico disse...

O Ricardinho, diferente de mim, escreve coisas bonitas (e um pouquinho menos amargas também). Já tô muito pra outra ponta do espectro (a cínica), mas tudo bem.
Bastante bom meu amiguinho. Direto ao ponto. Saudades de coisas que nunca tivemos é um problema beeeem sério às vezes...