Caros visitantes,

espero que vocês divirtam-se muito lendo minhas palavras. Peço, porém, por ser esse um trabalho independente, que não republiquem meus textos - inteiros, partes, frases, versos - sem minha expressa autorização. A pena para crime de plágio é dura, além de ser algo bastante humilhante para quem é processado. Tenho certeza que não terei problemas com relação a isso, mas é sempre bom lembrar!

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terça-feira, 1 de abril de 2008

"Experiência"

Foi só uma olhada. Nada demais. Um mero cruzar de olhos em meio à multidão cambaleante da grande cidade. Um de cada lado da rua. Ele. Meio alto, quase baixo. Verdes. Ele. Meio baixo, quase alto. Marrons. Diferenças que no momento pouco ou nada interessavam. Pelo menos aos dois.

A tensão largou arrepios nos dois corpos afastados. O que era aquilo? Sentimento reprimido? Sentido? Imaginado? Um nada. Apenas a mágica do momento. Morangos silvestres colhidos para a geléia, guardada em um copo no fundo da geladeira, já velha, exalando o doce cheiro podre da deterioração humana. Tomates verdes fritos e sua melancolia fritaram seu cérebro.

Mas não foi só uma olhada. Não foi só. Enquanto se olhavam – e esse tempo foi curto – a idéia de casamento de almas lhe passava pela cabeça. A mente se atrasou e o corpo agiu. As duas pálpebras se juntaram e pronto. Uma piscada.

Algo simples. Piscada. Normal. Não. Não era normal. Aliás, desde aquele momento, nada mais era normal. Tudo agora estava com outras cores. Ideais? Desejo? Cena? O que?

Aquela piscada mudou tudo. E o mudou. Qual? Ambos. Nunca mais.

E nesse nunca meu ônibus chegou. Eu entrei, sentei e fiquei observando a paisagem na janela até chegar em meu destino.

Este conto é dedicado a Rufus Wainwright.

3 comentários:

Anônimo disse...

Belíssimo.Adorei as referências cinematográficas, que são várias. E tem um toque de Sylvia Plath no momento da geladeira. Por falar em Plath, será dia 09, às 14:00 horas!
Abraços

Anônimo disse...

lindo texto ric
vc eh mt talentoso =))

bjobjo honey

Bruna Zanardi disse...

Gênio!

Beijos, Nica.