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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Quinze Dias



Perdi minha mãe há exatos quinze dias
e esses têm sido os piores dias
Muita gente pergunta
“Por que você não chora?”
E eu respondo:
“Porque eu não consigo”

Não é como se eu não tivesse chorado
(Chorei sim e bastante)
Mas falo dela e de coisas de velório e enterro
com certa naturalidade
por ainda não ter me caído a ficha

(“Cair a ficha?”, diria minha mãe, “Que coisa mais antiga!”
Para as novas gerações: ainda não baixei a informação)

O problema é que minha mãe não era uma pessoa só
– ela era um exército –
E isso não facilita nada

Minha irmã falou:
“Ela não facilita, né?”
E eu disse que não, não mesmo

Ela falou a vida toda em ir para a Patagônia
E agora eu quero ir por ela
(e também porque deve ser bonito)

Lembro de minha mãe com muitas coisas
Poemas, histórias, fotos, retratos e eu tento nem ver muito
“Ela só foi viajar”, é o que a voz na minha cabeça diz, “logo volta”
E deve voltar mesmo
Mas acho que na verdade sou eu é que vou encontrá-la

Mãe,
fiquei de falar umas coisas, mas não consegui
Filmes que eu ainda não vi
Livros que eu ainda não li
Como posso te perguntar o nome dos atores dos filmes que vejo?
Tem email no céu?

Eu não tenho saudade
Porque ela está tão viva
Tão, tão viva em mim
No rosto da minha irmã
No sorriso da minha tia
Nos olhos da minha avó
E o papagaio ainda fala com a voz dela. 

(poema meu, escrito em um caderno, dia 09/12/2014)

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