Caros visitantes,

espero que vocês divirtam-se muito lendo minhas palavras. Peço, porém, por ser esse um trabalho independente, que não republiquem meus textos - inteiros, partes, frases, versos - sem minha expressa autorização. A pena para crime de plágio é dura, além de ser algo bastante humilhante para quem é processado. Tenho certeza que não terei problemas com relação a isso, mas é sempre bom lembrar!

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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Primeira Esquizocrônica

                                                           
para Caio Fernando Abreu 


Minha miopia aumentou. Isso só faz com que eu enxergue  a vida de forma ainda mais diferente. Algumas coisas ficam meio borradas, os olhos secam e eu tenho que ver tudo com um olho só ou outro. Tenho umas dores internas, uns troços que eu não sei explicar bem. Parece que estão lá tentando me arrancar de dentro de mim mesmo. Ando curtindo cozinhar e ouvir música portuguesa. Aquela coisa meio chorada, mas que eu adoro. Eu tenho mesmo um quê desesperado, está no sangue, eu acho. Fico pensando em quem já foi sem ter ido, pessoas que foram muito próximas, mas que agora são nada mais que meros estranhos. Não sei o que fazem e não sei se gostaria de saber. Sinto falta de algumas, até passei por cima de meu orgulho e tentei contato com algumas. Nesse mundo internético, a sensação que dá é que mandar um email é menos invasivo do que telefonar, quando eu acho que deveria ser o contrário. E eu contrario o contrário. O que eu gostaria mesmo era de ter tempo de visitar todos os meus amigos e ficar por horas conversando sobre a vida. Aquelas de filosofia mesmo que vai ficando cada vez menos analítica e cada vez mais alcoólica. O tempo está incrivelmente quente eu não consigo dormir. Olho pela janela e vejo a cidade ao redor de mim, suas luzes acesas e vesgamente me divirto. Se ficamos vesgos, elas brincam de fazer outras formas e eu fico meio cego por uns segundos, talvez por isso que a miopia esteja aumentando, enfim. Quero ir sempre em busca da luz. Andei meio nas trevas esses últimos dias. Me irritava com pouco. Ou muito, depende do ponto de vista. No caso, estou falando do meu. Sou incrivelmente pessoal, sempre. Não devia porque acabo falando de mim e depois as pessoas acham que me conhecem intimamente. Não, não, caros, como podem me conhecer intimamente se nem eu me conheço, oras? Até eu mesmo peço licença a mim mesmo para conversar e conhecer mais sobre eu mesmo. E nessa educação toda entre mim e eu ou eu e mim, já nem sei mais do que estava falando. Quero muito ir para a Argentina, aproveitar que o peso está baixo. A barra está meio pesada, na verdade, mas estou falando de dinheiro. Queria comprar todos os discos do Fito Paez e Charly Garcia e sentar em frente à Casa Rosada e imaginar Evita Perón cantando “Don’t Cry For Me, Argentina”. Não consigo lembrar de Eva Perón sem lembrar de Madonna estragando tudo naquele filme ridículo. Gosto do Antonio Banderas, mas o que me irrita é ele ter aceitado esse esteriótipo tosco de latin-lover e aceitar todo e qualquer papel em que é o amante e/ou marido sedutor. Jamais vou perdoá-lo por cantar “Al Otro Lado del Rio”, do Jorge Drexler. Ainda bem que ganhou, mesmo com o Banderas e o Santana (esse é outro!) destruindo tudo. E não no bom sentido. Lembro do Che e quero fazer a viagem que ele fez, mas de carro. Sei lá se eu conseguiria sentar em uma moto e viajar tanto quanto ele e o Granado, provavelmente não. Deixo isso para meu amigo Sydnei. Estava calor, tirei toda a roupa, para alegria ou alergia dos vizinhos. Agora estou com frio. Vou colocar a cabeça no travesseiro. Quem sabe o tremor dos meus pensamentos me embale. Sei lá.

Um comentário:

Isabelle disse...

Resolveu brincar de Saramago, é?