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sexta-feira, 26 de junho de 2009

Gone Too Soon

“Tudo em Michael Jackson é feito de matéria pop: sua grande música, sua grande dança, sua vida mínima. Em nossos dias só ele tem a mesma carga de popismo de Marilyn ou Elvis ou Elizabeth Taylor. Perto dele, Madonna parece uma mera teórica.”

(Caetano Veloso e Gilberto Gil, na contracapa do disco “Tropicália 2, de 1993)


As pessoas nunca entenderam muito bem porque eu – músico e professor de inglês – , que sou fã fanático de MPB e rock’n’roll, gostava de Michael Jackson. O porque, exatamente, eu não sei. Só sei que sempre gostei muito do cara. Assisti a todos os seus clipes (daqueles antigaços da época de “Jacksons Five" até os seus mais recentes e bem impactantes, como “Earth Song”, que eu inclusive usei em um trabalho de faculdade, e provocou lágrimas em meu rígido professor de Língua Inglesa.)
Conheço Michael Jackson desde que me conheço por gente. Ele é um daqueles artistas que são simplesmente bastiões, marcos, ou até monstros sagrados de seus estilos. Chico Buarque, Caetano Veloso, Steven Tyler, Mick Jagger, Michael Crawford: de áreas diferentes, de praias diferentes. Pode-se gostar deles ou não, mas são todos respeitados pelo que já fizeram e pelo que ainda poderão fazer. Michael não mais.
Recebi a notícia da morte de Michael Jackson enquanto me dirigia para a festa de aniversário de um grande amigo. Tinha dado aula de manhã e, por estar muito cansado, dormi o dia todo (algo muito raro nos meus dias de hoje, já que agora dou aulas, aulas e aulas.). Depois de minha aula fui em direção à Sousas, na casa onde todos se encontrariam. Uma turma que eu adoro e que agora vejo pouco.
Quando estacionei meu carro na porta da tal casa, abri meu celular e vi que um amigo querido tenha me escrito: “Michael dead? Unbelievable!”. (Michael morto? Inacreditável!). Gelei por um momento, achei que ele estivesse falando do Crawford, que afinal já está bem mais velho. E fiquei com a dúvida. Quando entrei na sala, a festa estava quieta. A sala mergulhada em silêncio. Os olhos tão vidrados na TV que nem tinham me visto chegar. Era verdade então.
Por um momento não acreditei. Simplesmente não acreditei. Achei que fosse um boato babaca, como muitos que se falam sobre Jackson. Até que o aniversariante me disse: “não, cara, a TV não mente”. Mente, mente, claro que mente. Michael Jackson não pode morrer, é unbelievable!
Enquanto fazia uma retrospectiva da carreira, o programa mostrava trechos de seus clipes, apresentações e discursos. O baque foi grande e está sendo sentido até agora durante a escrita desse texto. Eu tinha vindo animado, ouvindo Aerosmith no último volume. Sentei no sofá e fiquei vendo as notícias. Nenhum dos meus amigos sentiu o mesmo que eu. Nem todos eram fãs de Michael.
Voltei pra casa ouvindo suas canções históricas. E pensando em como era possível que ele tivesse de fato partido. Depois de tanto que eu torci por ele, depois de todas as músicas que ele criou, depois de todos os clipes que fez.
Continuei recebendo mensagens de amigos preocupados comigo. Vários deles sabem que eu sempre fui fã e não ligavam pras acusações de abuso, drogas e outras coisas.
Michael foi estrelinha na década de 70, estrela gigantesca na década de 80 (lembremos que o disco mais vendido de todos os tempos é “Thriller”, de 1982), estrela decadente nos 90 e ensaiava seu retorno triunfal esse ano. Não deu tempo.
A minha torcida começou quando as notícias saíram de que ele havia gravado novas músicas para o relançamento de “Thriller” e sua nova amizade com o rapper William, do grupo Black Eyed Peas.
Desse relançamento, surgiu a vontade de compor de novo, gravar de novo, ser famoso de novo. Mostrar seu trabalho às novas gerações, que só tinham uma idéia sombreada de toda a sua fama e influência. Geração essa que inclui seus próprios filhos. Ele estava com medo de fazer isso depois do “fracasso” de vendas do disco “Invincible”, de 2001, (disco vendeu milhões de cópias, mais do que todos os outros artistas juntos, mas não era o suficiente para o workaholic Jackson.) e também do novo processo de abuso sexual, que culminou em seu julgamento (acompanhado ao vivo por todo o planeta) e absolvição, em meio a acusações de compra de jurados e advogados por ambas as partes.
A minha expectativa era grande (o sonho era conseguir ir a um show dele) e fiquei muito contente quando ele anunciou 50 shows em Londres e Berlim – número esse talvez escolhido para comemorar seus 50 anos de vida. Pensei: “será difícil, mas quem sabe ele não vem ao Brasil?”. Quando os shows começaram a ser adiados, fiquei preocupado. Surgiu o boato de câncer de pele. Hoje Michael Jackson, proclamado por muito “o Rei do Pop”, morreu de parada cardiorrespiratória. É o óbvio fim da possibilidade de retorno.
Sua privacidade foi devassada pela mídia e pelos fãs durante todos os anos de sua longa carreira, sua pele trocou de cor (Doença? Esquisitice?), sua fixação por máscaras aumentou. Ele mesmo reclamou disso na canção “Privacy”, de seu último álbum, “I need my privacy/ I need my privacy/ So paparazzi, get away from me”. (Eu preciso de minha privacidade, então paparazzis, sumam daqui!)
Graças a Michael existe hoje o conceito de videoclipe como uma história ou um momento de protesto, ao contrário de só mostrar a músicas. Seus vídeos tinham histórias, personagens, reviravoltas.
Graças a Michael existem hoje os grandes shows, com telões, luzes, trocas de roupa e muita dança.
Graças a Michael os negros começaram a ter mais espaço na chamada TV da música, a MTV.
O que vai ficar para a história, pelo menos para a minha história, é a dança, a música, os clipes, os livros, os filmes, seu incrível carisma e incomensurável talento.
Estou triste. Achei que esse dia nunca fosse chegar. Derramei algumas lágrimas no caminho de volta para casa. É como se tivesse perdido um amigo. Agora, só posso torcer para que ele encontre a paz e privacidade que sempre procurou e a felicidade que sempre mereceu.
Thank you, Mister Michael Jackson! We are gonna miss the King of Pop!

“Gone Too Soon” é uma canção presente no album “Dangerous” e significa, em tradução livre, “aquele que foi embora cedo”.

“Before you judge me, try hard to love me.” (Antes de me julgar, tente me amar)

“Prejudice is ignorance.” (Preconceito é ignorância)

8 comentários:

Unknown disse...

To triste... Não to acreditando ainda. Lindo texto Rick...

Mayara disse...

Realmente.. ninguém esperava por isso.. belo texto, uma perfeita homenagem à quem nos proporcionou (e continuará proporcionando através de lembranças) tantas coisas boas tanto para os ouvidos assim como para os olhos. Infelizmente a grande maioria do mundo só dá valor às grandes personalidade quando as perdem... Ainda bem que não fazemos parte desta grande maioria.. Michael still lives .. in our memory! Realmente.. gone too soon!

Marcio disse...

mandou bem.

Luciano C. Pereira disse...

Um excelente texto digno de um primoroso fã. Acho que somente os fãs sentem o que os ídolos sentem. Triste, mas a vida continua....

Cello disse...

O que fica é a sensação de ter se encerrado uma era na história da música - basta ter nascido na década de 80 para saber disso. Texto emocionado - porque coisa boa é ouvir tais palavras de quem o admirava em vida, e não apenas a lenda de que muitos ainda ouvirão falar.

Anônimo disse...

estamos todos seguindo o mesmo rumo, então... tá dificil ainda acreditar.. mas o destino ninguém controla.. Michael morreu não de um coração fraco por fisiologia, mas debilitado pelas injúrias e difamações que sofreu por toda sua vida. Angústia. Eu continuarei acreditando na inocência dele, sempre. o olho não mente e o dele não tinha o que esconder. ;] Heal The World, pal.. that's what he want...

www.amargotato.blogspot.com / http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=17746366166542666895

Bruna Zanardi disse...

Foi um choque!
Sem Michael Jackson não existiria o POP de hoje, as megas produções de show, clipes, enfim, NADA!!!

Sem Michael, não existiria o POP bem feito que temos hoje (visto preconceituosamente, mas POP verdadeiro).

E eu tenho que dizer, como fã #1, sem Michael, eu tenho certeza que não teria BRITNEY SPEARS... Lembrando que Britney não foi influenciada apenas por Madonna (outro ícone grandioso).

POP -> Música Popular

Michael Jackson -> Revolução da Música POP


Beijos.

Sabina Spielrein disse...

“Michael Jackson não pode morrer, é unbelievable!” é meu caro. Michael não foi somente um mito, mas um ser humano também que um dia pode ir para lugares que só o nosso coração pode encontrar, até esperarmos a nossa hora de partir também...
“Estou triste. Achei que esse dia nunca fosse chegar. Derramei algumas lágrimas no caminho de volta para casa. É como se tivesse perdido um amigo. Agora, só posso torcer para que ele encontre a paz e privacidade que sempre procurou e a felicidade que sempre mereceu”. Pois é. Quando conversamos vc tb viu que senti muito a morte dele. Mas não a morte per si mas a forma, sozinho. Mas como também te disse querido, ele está vivo pra gente, e nem mesmo a morte é capaz de apagá-lo das nossas mentes, muito menos da história. Que ele possa receber nosso amor e carinho para essa nova fase da vida após essa vida...

Um beijo pra ti!