A primeira vez que ouvi falar em Sérgio Sampaio foi em um documentário sobre o festival Phono 73. Esse festival foi realizado em São Paulo, no ano de 1973, em plena ditadura, tendo sido composto por shows de diversos cantores da época. Foi gravado pela Phonogram (daí vem o nome “Phono 73”) e tinha o intuito de mostrar como a ditadura manipulava a arte, como a censura atrapalhava a criação artística. Vários cantores foram impedidos de cantar. A história mais conhecida é a de Chico Buarque e Gilberto Gil tentando cantar sua música “Cálice”, trocadilho com “Cale-se”, censurada. Eles resolveram incluir a música, a contragosto da censura, cantando apenas a melodia, pontuando-a com a palavra cálice. Isso ocorreu até cortarem o microfone de Chico Buarque, interrompendo a canção.
Enfim, a narradora do documentário falava sobre a época e as roupas extravagantes usadas pelos cantores, o que os fazia difíceis de serem distinguidos em homens e mulheres. Caetano usava uma miniblusa e Sérgio usava sapatos de salto alto e uma camisa florida, além das famosas calças boca-de-sino.
Sérgio Moraes Sampaio nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, em 13 de Abril de 1947 e faleceu no Rio de Janeiro, em 15 de Maio de 1994. Foi radialista em sua cidade natal por um bom período até decidir fazer carreira musical no Rio. Participou do clássico álbum de Raul Seixas, “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10”, em 1971. No ano seguinte, Sérgio lançou a marcha-rancho Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua no Festival Internacional da Canção. A canção explodiu nas rádios e acabou por dar nome ao seu primeiro LP solo. O comportamento displicente e boêmio de Sérgio atrapalhou a maratona de entrevistas que faria para a divulgação do disco e este não foi bem sucedido. Logo foi rotulado como “maldito” da MPB, passando por várias gravadoras e lançando depois dois álbuns independentes chamados “Tem Que Acontecer”, em 1976 e “Sinceramente”, em 1982. Só se recuperou de seu alcoolismo na década de 90, mas uma crise aguda de pancreatite o impede de retomar a carreira e o maldito finalmente descansa.
Sérgio deixou uma obra um tanto quanto complexa. Apesar de sua aparência simplória, ele critica diversas intituições da sociedade, com canções engraçadas e por vezes um tanto ácidas.
Esse vídeo mostra a sua canção mais famosa, Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua, no festival Phono 73.
http://www.youtube.com/watch?v=-H57xrGE60k
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