Dizem que meus poemas são confusos
Ora! Não poderiam não o ser, visto que falam sobre mim
Deve o poeta falar sobre aquilo que entende
E o que mais entendo senão eu mesmo?
Dizem que meus poemas são estranhos
ora! como poderiam não o ser visto
que versam sobre mim mesmo
e meus desejos
Dizem que meus poemas são estranhos
ora! como poderiam não o ser visto
que versam sobre mim mesmo
e meus desejos
Dizem que são cheios de citações
(mas eu mesmo sou assim)
Dizem que não tem métrica, nem rima
(e eu mesmo sou assim)
Não poderia falar de plantas
Se elas nada me atraem
E não sou nenhuma delas
Não poderia ser um tolo bucólico
E não sou nenhuma delas
Não poderia ser um tolo bucólico
Se moro e penso e penso na cidade
(não gosto de plantas)
Posso menos ainda falar sobre o vento ou estrelas
Não sou nem vento nem estrelas nem plantas
nem nada que não seja eu mesmo
(não gosto de plantas)
Posso menos ainda falar sobre o vento ou estrelas
Não sou nem vento nem estrelas nem plantas
nem nada que não seja eu mesmo
Tão estranho exigirem que eu, poeta,
Seja outro
Pilares das fontes de tédio me provocam
E eu ignoro, ignóbeis loucos faladores de tudo.
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