"Rats", he said.
He opened his window and saw hoards of rats on the streets
His wife fainted, he laughed
Rats eating the cheese
Rats eating the food in general
Rats eating the general
And his small friend
He saw people crawling and fighting to save their belongings from the little monsters
"It is outrageous", said the Mayor Mayer, without his white wig, consumed by despair
They invaded the houses, the pubs, the schools.
They brought diseases, rat children.
The Mayor Mayer called the Piper to take them away
The Piper came
They ate the Piper
They ate the Mayor
They ate the Mayer
They ate the cheese
They ate the people in the houses
It was a disaster
They destroyed the city and claimed their city
And made it independent; and big!
Rats, rats, rats
Caros visitantes,
espero que vocês divirtam-se muito lendo minhas palavras. Peço, porém, por ser esse um trabalho independente, que não republiquem meus textos - inteiros, partes, frases, versos - sem minha expressa autorização. A pena para crime de plágio é dura, além de ser algo bastante humilhante para quem é processado. Tenho certeza que não terei problemas com relação a isso, mas é sempre bom lembrar!
espero que vocês divirtam-se muito lendo minhas palavras. Peço, porém, por ser esse um trabalho independente, que não republiquem meus textos - inteiros, partes, frases, versos - sem minha expressa autorização. A pena para crime de plágio é dura, além de ser algo bastante humilhante para quem é processado. Tenho certeza que não terei problemas com relação a isso, mas é sempre bom lembrar!
domingo, 22 de abril de 2012
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Vingança
“Mas
fiquei sem respirar
Quando
vi ela dançar
Ela
tava tão bonita,
Ela
tava tão bonita
Que
esqueci de me vingar”
(“Vingança” – Francisco Mattoso/José Maria
de Abreu)
CD “Iaiá”, Mônica Salmaso, 2004
Aqui plantando tudo dá, seu moço, sempre foi assim. Meu pai tá nas
terra desde sei lá quando e ele sempre diz que nada muda nunca. Nóis carpi,
carpi de novo e a terra segue dando seus fruto. O roçado é grande, os capiau
não são muito simpático, não, mai nóis segue fazendo as coisa. Aqui é rechiadim
de caboclo, às veiz uns mais neguinho que os outros, umas lasquera esses
caboclo. Eu sô um dels, como sinhô pode vê. Nossa sina é trabaiá, nóis num
ajunta dinheiro não e nóis não num tem vontade de trabaiá na cidade grande. Os
hômi lá são mau cos otro e nóis num tá custumado cu’essas coisa não. Aqui nóis
semo tudo amigo, tudo parceiro, tudo de confiança. Mas não foi sempre assim
não.
Sabe que eu era cantador, seu moço. Catava minha violinha que meu
pai me deu e saía por aí cantando as felicidade e as disgraça da vida.
Trabaiava, cortava as pranta, regava, deixava crescer. Acordava cedo, fazia
tudo isso, subia no lombo do cavalo e voltava pra vila. Minha casa era aquela
ali ó. Agora era tá amarelada, véia, qui nem qui eu, seu moço, mas naquele
tempo era a casa mais bunita da vila. Era o que as pessoa falava e eu achava
tumém. Agora tá lá, bandonada, largada na vida. Uma pena.
Bão, o que contece é qui eu era feliz. Chegava em casa e cantava e
os vizinho tudo vinha de longe pra vê eu cantá. E els cantava junto, sabe? Tudo
uns disafinado, de oreia suja, sabiam nada daquelas coisa de tom, sabe? Era um
disastre, mai nós se divertia. Aí nóis cantava, cantava, cantava, e depois ia
tudo prosiá na varanda do seu Miranda. Ele servia uns cardo de fejão que a muié
dele que fazia que nosssinhora, era danado di bão! Aí num dia desses aí o Zé
Pequetré que morava na vila longe de Purubicuíba falou que nóis devia fazê uma
festança pra Santo Antônio pra mór de ajudá os solteiro como eu a casá. E foi
um tal de cumbinança, de chamá gentes de otra vila, otras vilas e inté da
cidade grande.
O padre João é que ficou felizão de tudo. Faz tempo que o hômi
quiria fazê a tal quermesse mai a igreja daqui é pobrinha, pobrinha, seu moça,
não tem dinheiro nem pra água benta que é di graça. Aí o povo juntou uns
dinheiro, rrumaru as coisa e marcaru a data. Foi um sucesso.
Quadria, quentão, uns troço danado di bão pra cumé e música pra mai
de metro. E aí chamaru eu pra cantá cu’essa vozinha aqui que Deusão me deu. E
cantei, seu moço, cantei feito num tivesse dia amanhã. Cantei como se fosse o
fim, mai aí percebi que o fim tava só nu cumeço. Enquanto eu cantava, eu dava
umaszoiada em vorta. Os povo tudo lá dançando, se divertindo e eu cantando e
tocando sanfona, eu mais meu amigo Juca Antônio Pingarrão (nóis tinha sempre
que tirá os tonel de pinga de perto du hômi sinão ele nadava naquilo!).
Foi aí que o Coisa-Ruim passou perto d’eu e vi aquele ôio dela me
oiá. Ela sorriu pra mim, seu moço, e nossa! rrupiô até os pêlo na nuca! Ela era
lindona di tudo, uns cabelo morenão, uns peito forte e umas coxa robusta, um
partidão memo. Aí fui lá jogá uns charme nela, depois saímo, tomamo uns
sorvete, depois nóis foi morá junto. Nem sei quanto tempo demorô, seu moço, mas
o povo diz que em uma semana nóis já tava dividindo o teto da casa amarela.
Aí, seu moço, senta aê que o sinhô vai cansá. O caboclo aqui é véio
e nem pode mexê as perna direito, mas ucê pode. Cáta aquela cadera e senta aí.
O sinhô fuma? Não? Até agora não entendo essa baboseira de cidade grande de que
cigarro fai mal... O pobrema é só essa tosse aqui, mai isso né nada não.
Bão, aí nóis era filiz! Nussa, como nóis era filiz! Nóis cantava
tudusdia, carpia junto, cuzinhava junto, fazia umas festança lá em casa e tudo
bão dimais. A minha véia morô cu’nóis uns dia porque tava com dor nos quarto e
o dotô morava mais perto di nóis era mais fácil pra ela chegá lá e ela sempre
disse que nunca tinha visto eu tão filiz. Achei memo que a filicidade toda do
meu peito não pudesse ter fim. Eu concordava que nunca tinha sido tão filiz!
E o tempo passô, seu moço, passa sempre essa vida e nóis lá cá nossa
vidinha singela, cantando, cumendo, carpindo, vivendo, cuidando das coisa da
quermesse e tudo. E aí um dia, como tudosotro eu fui trabaiá e fiquei no campo
o dia todo. Quando vortei a casa tava o maió silêncio e escura, as vela tudo
apagada. Eu abri os ôio e uszuvido pra vê si tinha argo deferente lá. A cabocla
não tava lá, seu moço! A marvada tinha ido embora!
Corri pro nosso quarto e abri tuduszarmário e tudo vazio. Ela catou
as ropa, botou na mala nossa e foi-se embora. Bandonô eu e nossa casa, nossa
plantaçãozinha e nossa vida. Dei uma vorta pela casa, chamei, gritei, abanei,
corri e nada, seu moço, nada. Os vizinhu tudo ajudáru, mai nada. Até que a véia
Francisca chamô eu na casa dela e disse:
“- Caboclo, não briga cá’véia porque a véia vai te falá coisa ruim.
A tua cabocla fugiu ducê cuotro hômi. O Juca Antônio tamém sumiu hoji. Eles tão
junto.”
O mundo meu caiu, seu moço, sabe? Como se tivesse um trator passado
por riba d’eu ou aquele monstrengo da tv da cidade, o gordizilla. Nussa, tava
tão triste, fiquei tão triste. Nem fui prucurá. Era cruer dimais, sô. A marvada
levou as ropa, as coisa dela, minha alegria e deixô a sardade e o perfume
debaixo da pia. Mai eu jurei de me vingá. Aquela disgracenta ia vê uma coisa!
Num pode tratá caboclo qui nem qui ela tratô! Ara, se ia vê essa vagabunda que
fica se ingraçando cu amigo meu. Ele era mais cantadô que eu, mai isso não é
disculpa! Agora tinha ódio da cabocla i do amigo farso fiodiputa que robou ela
di eu! Mulata cretina! Amigo farso!
O tempo passô, minha reiva não. Pensei em vários prano pra cabá
cu’ela! Mai num incontrava a disgramenta em lugar ninhum. Sorte a dela, porqui
si eu pegasse ela ia vê! Eu stripava ela! Mardita mulata! Cabocla sem coração!
Aí qui o seu Memé deu uma festança na Vila Pururuca e chamô eu pra
cantá. E eu fui, cá sanfona e a viola debaixo do braço. E num é que eles tava
lá! Os dois! Cunversando perto da foguera! Ara! Eu tava lá no parco e não pudia
fazer munta coisa, mai qui reiva qui mi deu, seu moço! Eu juro pela Nossa
Senhora que governa o Reino dos Céu junto cum Nosso Sinhô Jisus Cristo que eu
quis matá aquela mulata! Rasgá a garganta dela cu’a minha faca de ponta e
aproveitá i matá o Juca mardito tumém.
Eu lá tocando e morrendo de reiva e o seu Memé foi no microfone
anunciá as dança, as quadria tudo, mais antes ele falou que ia ter uma surpresa
especial. Eu nem tava prestando atenção direito porque arguma criança cretina
tinha puxado us fio da minha sanfona i
eu num tava cunseguindo tocá. Aí comecei a ouví uma música. Era uma
coisa meio árabe, meio encantadô de serpente, igual que nem eu tinha visto na
tv do Coroné Antônio Bento. E mi virei pra vê o que tava se sucedendo.
Era a cabocla dançando, seu moço. Ela tava dançando umas dança nova,
uns remelexo no corpo que eu nem sabia que ela conseguia fazê. Ela tava tão
bunita, seu moço, tão bonita, que eu até isquici di mi vingá.
Fiquei lá oiando ela dançá, tudo mundo ficou, na verdade, e
quandcabô tudo mundo aplaudiu i eu também aplaudi e nóis aplaudimo tudo. O Juca
tumém aplaudiu.
Aí eu vortei pro parco i voltei cantá i fiquei pensando na cabocla.
Ela sumiu da festa. Talvez tenha mudado pra cidade grande, talvez tenha
morrido, talvez esteja véia na cadeira qui nem qui eu.
Apesar di tudo que se sucedeu, seu moço, a saudade não me larga. Ela
era tão bonita, ela era tão bonita, que isqueci di mi vingá. É isso.
Contos Musicais
Comecei um exercício novo. Contos baseados em letras de música. Alguns de vocês devem lembrar da coluna que o grande Moacyr Scliar (que foi aluno do meu avô, cof, cof) tinha na Folha. Ele pegava trechos de notícias, às vezes de várias notícias, e escrevia um conto baseado nas informações lá contidas. Resolvi fazer o mesmo com músicas. A idéia não é original, tenho um livro fantástico de contos baseados em músicas, mas acho o exercício divertido. Espero que vocês gostem!
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